Luar


Luiz Tatit

Não há
Um luar que venha em vão
Que não deixe algum sinal no coração
Quando vêm aquelas noites de luar
Vêm assim tão deslumbrantes
Que prefiro ver o dia raiar
Não há
Um luar puro, inocente
Sempre a chama é quente
Sempre queima a gente
Sempre é envolvente
Risco permanente
Entorpece e dá o bote
O seu veneno é muito forte
Não há
Um luar inofensivo
Que ilumine apenas
Sem outro motivo
É depois de alguma noite de luar
Que a paixão bate mais forte
E nem sempre existe alguém
Pra se amar
Não há
Minha gente oh não luar
Só tão cândido
Só romântico
Só lunático
Só volátil
Sempre é um pouco além
De onde alguém
Espera ver o bem
Não há
Mais luar do tipo ingênuo
Que não deixe os seus encantos
No sereno
Justamente nessas noites de luar
Quando o espírito fraqueja
Vem a lua ali tentando enfeitiçar
Não há
Um luar de confiança
Mesmo na bonança
Luz suave e mansa
Abre o foco e avança
Finge que é esperança
Pega quem quer ser feliz
E lança o mal bem na raiz
Não há
Um luar leal e amável
Que desperte algum desejo
Mais viável
Lua lua
Sua história perpetua
Pena! Tanta gente
Lhe cultua
Lua lua
Que do alto se insinua
Não se meta
Fique aí na sua!


voz e violão: LUIZ TATIT
violão de aço: PAULO TATIT
violacho: PAULO TATIT
Viola: FÁBIO TAGLIAFERRI
órgão: RICARDO BREIM
bateria: MANNY MONTEIRO

arranjo
PAULO TATIT